Talvez muitos não o conheçam hoje em dia, mas em 1987 um filme com baixo orçamento, desavenças nos bastidores e muitos perrengues nas gravações se tornou um dos maiores sucessos de todos os tempos e foi considerado um dos “milagres” de Hollywood. E isso não apenas por ter arrecadado milhões nas bilheterias, mas por ter uma trilha sonora tão marcante que, além de ganhar um Oscar, está presente até hoje em festas e na playlist do público.
Ritmo Quente apresenta a história de Frances Houseman, mais conhecida como Baby, que passa as férias com seus pais em um resort. Lá, ela conhece Johnny Castle, um charmoso professor de dança, com quem vive aventuras arriscadas escondida de seus pais e, por fim, acaba se apaixonando.
Na época em que foi lançado, rapidamente se tornou o favorito de muitos por dar vida à uma paixão proibida e, claro, com muito ritmo. No entanto, quando uma produção triunfa nas bilheterias, algumas curiosidades sobre ela acabam passando despercebidas, como o fato de que teve um baixo orçamento, com apenas 4,5 milhões de dólares investidos pela Vestron. Mas isso é até uma coisa boa, já que sem esse dinheiro, o filme não existiria.
Destinado às gavetas
O orçamento pode até ter sido baixo, mas a Vestron foi o único estúdio que gostou do roteiro e topou um acordo com Elinor Bergstin, a criadora. Sim, quase todos os estúdios de cinema recusaram a história e, sem esse pequeno investimento, Ritmo Quente estaria destinado às gavetas.
Após finalmente conseguir fechar negócio, começaram a procurar o casting perfeito. Felizmente, essa foi uma tarefa fácil para Elinor, já que quando viu Patrick Swayze pela primeira vez sabia que, apesar de não ser bem o que tinha idealizado, ele era o galã perfeito. “Não é todo dia que se conhece um texano machão que adora balé”, disse ela.
Além disso, a mocinha da história também foi fácil de encontrar. Jennifer Grey era perfeita para o papel e a empolgação de Elinor com os atores somado ao fato de não quererem atrasar o processo fez com que os dois fossem escolhidos.
Problemas nas filmagens
Elinor dizia que os dois ficavam perfeitos no quadro, mas a verdade é que as filmagens foram marcadas por muitas desavenças entre Patrick e Jennifer. Alheios de todo o romance que o filme mostra, as filmagens de Ritmo Quente foram marcadas pelo constante mal-estar entre os dois.
Em seu livro de memórias, o ator chegou a definir a colega como imatura. Ele afirmou que, por causa dela, “algumas cenas precisavam ser filmadas de novo, de novo e de novo. Nós tivemos atritos… Ela me parecia muito emocional, derramando lágrimas sempre que alguém a criticava”
Como se não bastasse o climão nos bastidores, tudo o que é ruim pode piorar. Como o dinheiro era pouco, todo o processo de gravação precisou ser acelerado e decidiram filmar tudo em uma única tomada, sem erros.
Ao filmar a última dança de Johnny e Baby, Patrick Swayze caiu de mau jeito depois de pular do palco e machucou o joelho, mas continuou a dançar para não estragar uma tomada que deveria ser bem-sucedida. Ele mal conseguia respirar por causa da dor, mas fez a icônica cena com maestria.
Jennifer também passou por apuros, já que depois de filmar a incrível cena do treino no lago, a atriz foi parar no hospital com hipotermia, porque tudo foi filmado no outono, e a água estava congelando.
O esforço que deu certo
Apesar dos perrengues e de toda dificuldade para fazer esse projeto dar certo, o resultado foi um sucesso. Ritmo Quente arrecadou 214 milhões de dólares na bilheteria mundial e ficou marcado na história. Além disso, sua trilha sonora marcante recebeu um disco de platina e a icônica Time of My Life ganhou um Oscar e um Globo de Ouro na categoria Melhor Canção.
Pessoalmente, foi um final feliz para Elinor Bergstin também, já que realizou o sonho de produzir o filme baseado em termos em sua própria história. Poucos fãs sabem, mas ela passou as férias com os pais em um resort e lá conheceu idealizou tudo assistindo às peças de dança. Curiosamente, a protagonista leva o apelido real da criadora, Baby.
Quanto aos protagonistas, tudo também terminou bem. Patrick e Jennifer ganharam fama em níveis estratosféricos e a atriz já mostrou que as desavenças foram deixadas para trás. “Ele fazia qualquer coisa que pediam enquanto eu tinha medo de tudo, mas ele era muito forte e muito protetor em relação a mim. Foi o melhor período da minha vida e o Patrick estava ali com todo o seu coração”, disse em 2017.
Patrick faleceu em 2009, aos 57 anos, vítima de um câncer de pâncreas e fígado, mas seu legado no cinema e na dança permanece vivo até hoje.