Hoje, Life is Strange completa 10 anos. O primeiro capítulo, Chrysalis, foi lançado em 29 de janeiro de 2015 para PCs e consoles. Uma década se passou desde que a Dontnod Entertainment ignorou sugestões de publicadoras para transformar Max Caulfield em um protagonista masculino e, em vez disso, nos presenteou com uma das atuações femininas mais marcantes da indústria dos games, com Hannah Telle dando vida à personagem — um papel que ela retomaria anos depois em Life is Strange: Double Exposure.
Para alguns fãs, o rumo que a franquia tomou pode ser decepcionante, mas o impacto do primeiro jogo segue intacto. Nada que a Dontnod, a Deck Nine ou qualquer outra empresa façam para revitalizar essa experiência pode apagar o que Life is Strange representou para diferentes públicos ao longo dos anos.
E isso não significa que o jogo seja perfeito. Pelo contrário, tanto técnica quanto narrativamente, Life is Strange tem suas falhas, seus tropeços que fizeram muitos jogadores pensarem em desistir ao longo dos cinco capítulos. Mas a verdade é que a maioria ficou. Acompanhou a jornada de Max ao longo de 2015, vivenciando cada reviravolta junto dela. Para alguém de 15 anos na época, ver os dilemas pessoais da protagonista se desenrolarem enquanto o mundo ao seu redor desmoronava foi algo avassalador.
A comunidade de Life is Strange cresceu e, com o tempo, ficou fácil encontrar pessoas que compartilhavam sentimentos semelhantes. O que fez mais de um milhão de jogadores pelo mundo se conectarem com a experiência episódica não foi apenas a narrativa emocionalmente carregada, mas a maneira como cada escolha no jogo refletia algo mais profundo sobre quem estava no controle.
As mecânicas de fotografia, por exemplo, iam além de um simples detalhe estético — elas influenciavam nossa percepção sobre quem Max poderia se tornar. A liberdade de registrar momentos específicos ajudava a moldar sua personalidade de forma sutil, criando uma conexão íntima entre jogador e protagonista. Essa personalização de interesses sempre foi um diferencial poderoso em jogos baseados em escolhas, e Life is Strange soube incorporar essa dinâmica de forma delicada, impulsionada pela interpretação sensível de Hannah Telle.
O eterno debate entre salvar Arcadia Bay ou salvar Chloe Price continua sendo um dos maiores indicativos das prioridades emocionais de quem viveu os cinco capítulos até o fim. Mas antes desse desfecho, centenas de pequenas decisões já preparavam o jogador para uma reflexão inevitável: existem coisas que nem todas as voltas no tempo são capazes de apagar.