Após a histórica chegada ao Brasil em 22 de abril de 1500, Pedro Álvares Cabral ainda tinha uma missão a cumprir: chegar às Índias e garantir o domínio português sobre o comércio de especiarias no Oriente. Assim, logo depois de passar cerca de 10 dias em solo brasileiro, Cabral seguiu viagem com sua frota. Mas o caminho não foi nada fácil.
Durante a travessia pelo sul da África, a frota enfrentou fortes tempestades, o que resultou na perda de quatro navios e muitos homens. Mesmo com o prejuízo, Cabral conseguiu chegar a Calicute, na costa da Índia. Lá, tentou estabelecer um acordo comercial com os governantes locais, mas os conflitos de interesse com comerciantes árabes geraram tensão.
A situação piorou quando um entreposto português foi atacado e vários homens da tripulação foram mortos. Em resposta, Cabral bombardeou Calicute e seguiu para outras cidades da região, como Cochim e Cananor, onde finalmente conseguiu estabelecer alianças e firmar os primeiros tratados comerciais duradouros com líderes locais. No retorno a Portugal, em 1501, Cabral trouxe uma grande carga de especiarias, como pimenta e canela, que renderam lucros significativos à Coroa.
Apesar do sucesso parcial da missão, Cabral não teve o reconhecimento esperado por parte do rei Dom Manuel I. Quando foi organizada a próxima expedição às Índias, em 1502, esperava-se que ele fosse nomeado novamente como comandante. No entanto, por motivos ainda discutidos por historiadores — que podem incluir desentendimentos com a Coroa ou disputas políticas — o comando foi entregue a Vasco da Gama.
A partir desse momento, Cabral se afastou da vida pública e das grandes navegações. Viveu os últimos anos de sua vida de forma mais reservada, em sua propriedade na região de Santarém, em Portugal. Há registros de que se casou com Isabel de Castro, de uma família nobre, e teve filhos, embora não se saiba ao certo quantos.
Pedro Álvares Cabral faleceu por volta de 1520, com cerca de 50 anos de idade. Seu túmulo está na Igreja da Graça, em Santarém. Apesar de sua importância histórica, sua figura foi, por muito tempo, deixada de lado nos registros oficiais portugueses — sendo redescoberta e valorizada apenas séculos depois, principalmente pelos historiadores brasileiros.
Hoje, ele é lembrado como o comandante da esquadra que chegou ao Brasil, mas sua trajetória mostra que sua vida foi marcada também por disputas, silêncio político e uma certa sombra diante de outras figuras da época, como Vasco da Gama.