O mestre do horror japonês, Junji Ito — responsável por clássicos como Uzumaki e Tomie — abriu o jogo sobre suas influências e vivências que moldaram sua visão única do terror. Em uma entrevista conduzida pela Numan Tokyo, ao lado do dublador Shun Horie, estrela do anime Junji Ito Maniac, o autor mergulhou em suas memórias mais sombrias e reveladoras.
🧠 O terror começa na infância
Ito compartilhou que o gosto pelo sobrenatural nasceu cedo, influenciado pelo “boom oculto” no Japão durante os anos 60 e 70. A cultura popular estava imersa em lendas, mistérios e temas paranormais — um terreno fértil para a imaginação de um jovem criativo.
Um dos marcos mais impactantes foi o filme O Exorcista (1973). “Histórias onde a origem do terror é desconhecida sempre me fascinaram”, comentou Ito. Esse tipo de terror — onde o medo não vem de monstros visíveis, mas do que não se pode entender — se tornaria uma marca registrada em suas obras.
📖 Nostradamus, o fim do mundo e Remina
Entre as influências mais curiosas, Ito citou o livro As Grandes Profecias de Nostradamus, que o deixou obcecado com a possibilidade de um apocalipse em 1999. O impacto foi tão profundo que serviu de base para o mangá Remina, onde uma ameaça vinda do espaço coloca a humanidade à beira da extinção.
🕳️ O túnel, o observatório e o medo real
Em um dos trechos mais marcantes da entrevista, Ito relembrou uma experiência vivida na juventude, em sua cidade natal nas montanhas. Ele e os amigos exploraram um túnel abandonado, onde funcionava o Sakashita Cosmic Ray Observatory, da Universidade de Nagoya. A missão do local era estudar partículas espaciais que atravessam a Terra — mas para Ito, o que ficou foi a sensação de estar sendo observado.
“Chegamos a uma porta com vidro fosco, e do outro lado, havia uma luz acesa… Parecia que alguém estava lá. Aquela imagem nunca saiu da minha cabeça.”
Esse episódio acabou inspirando o mangá Tunnel Tale, que mistura ficção e horror com a dose exata de nostalgia e medo genuíno.
🕯️ O terror que vive nas memórias
Ito descreve seu estilo como “horror nostálgico” — histórias que resgatam o medo quase inocente que sentimos na infância, quando o desconhecido ainda era mágico e assustador ao mesmo tempo. Para ele, recriar essa sensação é parte essencial do processo criativo.
📈 E tem dado certo: suas obras continuam sendo best-sellers ao redor do mundo, com fãs fiéis que não resistem a uma boa dose de arrepios ilustrados.