Karatê Kid: Lendas chega como um ponto de encontro entre gerações, unindo as histórias de Daniel LaRusso e Sr. Han para treinar o novo protagonista, Li Fong. O filme faz bem em conectar quase todos os elementos do universo da franquia – da série Cobra Kai ao reboot de 2010 –, mas comete alguns deslizes difíceis de ignorar.
A ausência total de qualquer menção ao personagem de Jaden Smith chama atenção, especialmente quando temos o próprio Jackie Chan reprisando seu papel. Essa lacuna enfraquece um pouco a coerência dessa tentativa de “unificação” da saga.
O vilão tem postura e trejeitos que remetem a Terry Silver, mas não tem tempo suficiente em tela para realmente brilhar. Com um visual que lembra o Robert Garcia, da série The King of Fighters, ele acaba sendo um adversário visualmente marcante, mas superficial. Faltou explorar sua motivação e dar a ele uma presença digna dos grandes antagonistas da franquia.
Aliás, o visual do filme remete fortemente aos templates de Street Fighter 6, com arte urbana e grafites colorindo trechos da história, mesmo que, curiosamente, haja uma propaganda direta de Tekken 8 no meio disso tudo. A vibe é jovem, visualmente arrojada, mas um tanto caótica em sua identidade.
O ponto alto do filme é, sem dúvida, a luta final. Ela traz ecos claros do desfecho de Fatal Fury 1, tanto no impacto emocional quanto na forma como o combate é coreografado. É ali que o longa mostra sua força – no ringue, não nas palavras.
A trilha sonora, por outro lado, decepciona. A tentativa de misturar clássicos dos anos 80 com faixas modernas resulta em algo que parece mais uma playlist genérica do TikTok do que um trabalho pensado para intensificar a narrativa.
Apesar disso, há uma reviravolta interessante no final (sem spoilers aqui), que dá aquele gostinho de continuação. Só não espere cenas pós-crédito – o filme termina mesmo quando termina.
Em resumo, Karatê Kid: Lendas acerta ao respeitar a essência da franquia e trazer ótimas cenas de luta, mas tropeça na superficialidade de alguns personagens e no uso excessivo de fórmulas atuais. Ainda assim, é um capítulo válido para fãs antigos e novos, com potencial para mais – desde que aprenda a equilibrar melhor tradição e modernidade.
Nota: 8,5/10
Karatê Kid: Lendas respeita a alma da franquia enquanto flerta com o estilo visual e a estética da nova geração. Mesmo com alguns tropeços no roteiro, vilões subaproveitados e uma trilha sonora deslocada, o filme acerta na ação, no coração e no legado.
Super recomendado — especialmente se você é fã de artes marciais, videogames clássicos e quer ver Bruce Lee reimaginado em um garoto novo pronto pra dar voadora no passado e no presente.